Dr. Marlon Monarim

Biópsia Guiada- Do Diagnóstico ao Direcionamento do Tratamento

Biópsia Guiada por Imagem

A saúde e o bem-estar das pessoas estão intimamente ligados à identificação precoce de tumores e adesão de cuidados terapêuticos mais adequados para cada caso. Nesse sentido, a biópsia guiada por imagem é um procedimento essencial para confirmar o diagnóstico de câncer, estadiamento da doença e determinar características histológicas do tumor.

Quais são as Indicações para Realização de Biopsia Guiada por Imagem?

  • Avaliação de Lesões Suspeitas: Biópsias são indicadas para avaliação de lesões suspeitas detectadas por métodos de imagem, como ultrassom, tomografia computadorizada (TC) ou ressonância magnética (RM).
  • Diagnóstico de Neoplasias: Utilizadas para diagnóstico de neoplasias malignas ou benignas em diversos órgãos, como fígado, pulmões, rins, mama, próstata, e outros.
  • Avaliação de Linfonodos e Massas Musculoesqueléticas: Para investigar linfonodos aumentados ou massas nos tecidos moles.

Indicação para Definição Prognóstica e Terapêutica

Avanços no conhecimento de vias celulares específicas e caracterização do tecido em níveis moleculares e genéticos possibilitaram o desenvolvimento de uma medicina personalizada com aumento nas terapias direcionadas.

Assim, amostras de biópsia podem ser necessárias não  apenas para o diagnóstico histológico, pois a definição do biomarcador agora orienta a terapia padrão de tratamento em um número crescente de tumores sólidos, incluindo melanoma, mama, cólon e câncer de pulmão.

Como é Realizado o Procedimento?

Utilizando tecnologias avançadas, como ultrassom, tomografia ou ressonância magnética, é possível localizar com precisão a área a ser biopsiada. O médico irá determinar qual melhor método de imagem a ser utilizado de acordo com a localização da lesão e da acessibilidade. Além disso, a escolha da técnica varia de acordo com cada caso, mas tem como objetivo maximizar a acurácia diagnóstica e minimizar os riscos, como sangramento ou pneumotórax. 

Antes de iniciar o procedimento, visando minimizar algum incomodo no paciente, é utilizada anestesia local que pode ser complementada com Sedação Consciente dependendo da situação. A quantidade de amostras obtidas deve ser suficiente para uma análise patológica confiável, geralmente entre 2 a 4 amostras.

É fundamental que a biopsia guiada seja realizada por médicos treinados e capacitados em radiologia intervencionista ou procedimentos minimamente invasivos, que tenham habilidade no manuseio dos equipamentos de imagem, na correta identificação da área a ser biopsiada e na minimização de possíveis complicações. Uma biópsia conduzida adequadamente proporciona um diagnóstico preciso e seguro, promovendo a saúde e o bem-estar do paciente.

Cuidados Pós-Procedimento 

Após o procedimento, o paciente deve ser monitorado para detectar possíveis complicações, como sangramento ou pneumotórax, especialmente em biópsias pulmonares. Imagem de controle imediata pode ser realizada, se necessário, para descartar complicações.

As complicações devem ser prontamente identificadas e tratadas, com protocolos estabelecidos para manejo de eventos como hematomas, infecção ou perfuração de órgãos.

Conclusão

As biópsias não estão mais sendo realizadas apenas no momento do diagnóstico inicial, mas sim obtidas em diversos momentos para detectar a progressão, prever o prognóstico e orientar a próxima linha terapêutica.

As biópsias guiadas por imagem realizadas por profissionais capacitados e treinados apresentam alta segurança e precisão, minimizando riscos para o paciente e maximizando a qualidade diagnóstica.

Principais Benefícios:

  1. Precisão e Segurança: As técnicas de imagem permitem a visualização exata da área de interesse, minimizando riscos de complicações e garantindo uma coleta precisa do tecido.
  2. Menor Invasividade: Comparada aos métodos tradicionais, a biópsia guiada por imagem é menos invasiva, resultando em menos dor e em uma recuperação mais rápida.
  3. Diagnóstico Confiável: A precisão na coleta de amostras gera diagnósticos mais confiáveis, permitindo que o tratamento adequado seja iniciado o quanto antes.  

Referências

  1. Marshall D, LaBerge JM, Firetag B, Miller T, Kerlan RK. The changing face of percutaneous image-guided biopsy: molecular profiling and genomic analysis in current practice. J Vasc Interv Radiol. 2013;24:1094–1103.

  2. Tam AL, Lim HJ, Wistuba II, Tamrazi A, Kuo MD, Ziv E, Wong S, Shih AJ, Webster RJ 3rd, Fischer GS, Nagrath S, Davis SE, White SB, Ahrar K. Image-Guided Biopsy in the Era of Personalized Cancer Care: Proceedings from the Society of Interventional Radiology Research Consensus Panel. J Vasc Interv Radiol. 2016 Jan;27(1):8-19.

  3. Foser S, Maiese K, Digumarthy SR, Puig-Butille JA, Rebhan C. Looking to the Future of Early Detection in Cancer: Liquid Biopsies, Imaging, and Artificial Intelligence. Clin Chem. 2024 Jan 4;70(1):27-32.

  4. Diretrizes e boas práticas para a realização de procedimentos de radiologia intervencionista (SOBRICE). Disponível em: https://sobrice.org.br/procedimentos/guidelines/

  5. Diretrizes para a realização de procedimentos de radiologia (ACR). Disponível em: https://www.acr.org/Clinical-Resources/Practice-Parameters-and-Technical-Standards